terça-feira, janeiro 10, 2006

Aos 8 [ou 9] anos

Aos 8 [ou 9] anos percebi que a vida não é justa
Aos 8 [ou 9] anos conheci o sabor da perda
Aos 8 [ou 9] anos percebi o que era a morte
Aos 8 [ou 9] anos ouvi da boca do meu avô:
“Vai chamar a tua mãe que a Avó M. morreu”
Aos 8 [ou 9] anos senti dor e não percebia onde estava a ferida
Aos 8 [ou 9] anos chorei
A minha avó (que na realidade era bisavó) foi a única pessoa que se recusou chamar-me pelo meu 1º nome próprio, sempre me chamou por S.
Aos 8 [ou 9] anos esperei nos intervalos da escola que ela viesse visitar-me e oferecer-me bombocas, como sempre o fazia.
Aos 8 [ou 9] anos soube que nunca mais viria
Aos 8 [ou 9] anos senti saudades
Aos 8 [ou 9] anos fiz uma promessa, se um dia for mãe de uma menina, ela chamar-se-á M. tal como tu.
Hoje, 20 anos depois, espero um dia, vir a cumpri-la.

[um beijo grande onde quer que estejas]

1 comentário:

Gi disse...

Infelizmente às vezes somos obrigados a aprender algumas coisas demasiado cedo. Esperamos, pelo menos, que os nossos filhos tenham que aprender estas coisas mais tarde.